Emily Jane White

08 julho
[museu nacional de machado de castro, coimbra]


Ao percorrermos Victorian America pressentimos estar perante o esboço de um território esquecido, cujas fronteiras se perdem no passado, por entre mitos e narrativas distantes. Atravessamos a sua imensidão, conduzidos pela voz de Emily Jane White, enquanto esta convoca a tradição e a solidão da folk norte-americana. O trilho pelo qual seguimos torna-se cada vez mais definido e reconhecível à medida que avançamos, não sendo já um estreito caminho como o de Dark Undercoat, o seu primeiro LP, editado em 2007.

Um assumido sentimento de perda e de tristeza, que aquela autora apontava como exclusivo objecto das suas composições, deu lugar ao longo dos últimos anos a um genuíno interesse pelo poder da narrativa e do storytelling. As afinidades com autores da sua geração como Cat Power, Alela Diane ou Hope Sandoval permanecem evidentes; porém, à medida que as composições de Emily Jane White denunciam uma crescente amplitude, das mesmas emerge uma também progressiva preocupação com a escrita, tentando encontrar um registo que a liberte e a distancie dos seus pares.

O trilho de Victorian America leva-nos a uma encruzilhada. Se por um lado a singer songwriter californiana recusa uma ruptura face às suas primeiras composições, as quais a imprensa catalogou de dark soul, sente-se por outro lado o pulsar do slowcore e do indie rock, dos quais convoca elementos que enriquecem e estendem cada vez mais as fronteiras daquele ainda indefinido e vasto território.